Gaeco denuncia grupo ligado ao PCC por crimes fiscais, jogos de azar e lavagem de dinheiro; fazenda em Cajazeiras seria usada em esquema



DA REDAÇÃO — O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público de São Paulo, denunciou seis suspeitos de integrarem uma organização criminosa associada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a denúncia formalizada na última terça-feira (6), o grupo teria cometido crimes contra a ordem tributária, exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro.

A acusação decorre das investigações da Operação Latus Actio, deflagrada em 12 de março de 2024, que teve como alvo a repressão a rifas ilegais promovidas e divulgadas por artistas e influenciadores digitais em redes sociais. As autoridades identificaram que a prática servia como fachada para movimentar valores provenientes de atividades ilícitas, como tráfico de drogas, explorando a visibilidade dessas personalidades.

Entre os denunciados estão criminosos com longo histórico policial, incluindo um condenado pela participação no megassalto ao Banco Central de Fortaleza, em 2005, e outro que cumpre pena pelos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', líderes do PCC executados em 2018, no Ceará.

Quebras de sigilos fiscal, bancário e telemático autorizadas pela Justiça evidenciaram que o grupo utilizava diversas estratégias para lavar o dinheiro obtido de forma ilícita. Um dos principais métodos seria a aquisição de bens rurais em nome de terceiros, como a Fazenda Love Funk, localizada no Sítio Malhada Grande, em Cajazeiras, sertão da Paraíba. A propriedade, segundo o Gaeco, servia para criação de gado e ocultação de patrimônio.

Além da exploração pecuária, as investigações apontam que os negócios do casal Henrique Alexandre Barros Viana, conhecido como ‘Rato’, e Daniela Cristina Viana, iam além. Eles teriam investido em contratações de jogadores de futebol para times locais e realizado obras de alto padrão em uma outra fazenda no distrito de Engenheiro Ávidos, também em Cajazeiras. A chegada repentina de pavimentação asfáltica até as imediações da propriedade de Rato chamou atenção dos investigadores.

Conforme apurado em reportagem do Estadão em outubro de 2024, conversas telefônicas interceptadas mostram que a Love Funk pagou, em março de 2023, honorários advocatícios de Ronaldo Pereira Costa, preso em 2021 em Florianópolis e transferido para Fortaleza, onde responde pelo envolvimento na morte de Gegê do Mangue e Paca.

A denúncia foi assinada por seis promotores do Gaeco contra Henrique Alexandre Barros Viana (‘Rato’), Daniela Cristina Viana, Gratuliano de Souza Lira (‘Quadrado’, ‘Quaqua’ ou ‘Espanha’), Moisés Teixeira da Silva (‘Tatuzão’), Ronaldo Pereira Costa e Márcio Geraldo Alves Ferreira (‘Buda’). Eles agora respondem formalmente por participação em organização criminosa.

As investigações seguem em andamento e buscam identificar eventuais conexões do grupo com outras atividades ilícitas na região Nordeste, especialmente na Paraíba.

PBAlerta
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