O senador e atual secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou nesta sexta-feira, por meio de publicação na plataforma X, que o governo americano iniciará o processo de revogação de vistos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, de seus aliados na Corte e de familiares próximos. A medida, segundo Rubio, visa punir ações que considera como “censura à liberdade de expressão” e reforça a nova diretriz política da gestão do presidente Donald Trump, reeleito em 2024.
Rubio classificou a atuação de Moraes como uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando o magistrado de liderar um movimento que, segundo ele, viola princípios democráticos fundamentais. “O tempo de tratamento passivo acabou. Quem trabalha para minar os direitos dos americanos — mesmo que em outras jurisdições — não deve ter o privilégio de pisar em solo norte-americano”, escreveu.
A crítica faz referência direta à atuação do ministro brasileiro em decisões envolvendo a regulação e remoção de conteúdos em plataformas como X (antigo Twitter), Telegram e Rumble, frequentemente utilizadas por apoiadores de Bolsonaro e de Trump. Rubio afirmou ainda que a decisão é parte de uma resposta mais ampla contra o que chamou de "autoritarismo digital transnacional".
Além de Moraes, outros ministros do STF e seus familiares próximos podem ser alvos de sanções diplomáticas, segundo o comunicado. O secretário mencionou também a possibilidade de invocar a Lei Magnitsky — legislação americana que permite sanções contra indivíduos estrangeiros envolvidos em corrupção ou abusos de direitos humanos — para sustentar juridicamente as medidas.
A fala do senador incluiu ainda uma comparação pessoal. “Eu não posso ver meu pai, e agora há autoridades brasileiras que talvez também não possam mais ver os seus familiares nos EUA — ou até perderão seus vistos”, disse Rubio, atualmente licenciado do Senado e residindo em território americano.
Fontes do Itamaraty confirmaram que o governo brasileiro está em mobilização diplomática urgente para evitar o agravamento da situação. Interlocutores do Palácio do Planalto classificam a movimentação como “uma escalada sem precedentes nas relações bilaterais” e já buscam diálogo direto com autoridades em Washington para esclarecer o contexto das decisões judiciais brasileiras.
A ofensiva americana ocorre em meio a um ambiente internacional polarizado e a uma nova doutrina de política externa do governo Trump, que vem adotando retaliações unilaterais contra países ou figuras públicas acusadas de ferir os princípios de liberdade de expressão, especialmente em ambientes digitais.
Essa crise diplomática coloca o Brasil em uma encruzilhada delicada entre a defesa de sua soberania institucional e a manutenção de relações estratégicas com os Estados Unidos — seu segundo maior parceiro comercial e influente ator geopolítico.
O STF ainda não se pronunciou oficialmente sobre o anúncio.
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