A audiência pública realizada nesta quarta-feira (24), na Câmara Municipal de Sousa, ganhou contornos de desabafo político. O secretário de Estado da Juventude, Esporte e Lazer da Paraíba, Lindolfo Pires, foi direto ao ponto: segundo ele, a falta de representatividade política da cidade é a principal responsável pela dificuldade na liberação das águas do Rio São Francisco para os açudes São Gonçalo e Lagoa do Arroz.
Durante sua fala, o secretário não economizou nas palavras. “Tá na hora de Sousa deixar de ser uma boa madrasta e ser uma boa mãe. Isso é o que está acontecendo aqui”, afirmou, ao criticar a tendência dos eleitores sousenses de votarem em candidatos de fora. “Os votos de Sousa estão indo para outros locais. E, na hora de defender quem está aqui na tribuna? Vão pedir água para o Eixo Leste e deixam o Eixo Norte de lado”, reclamou.
O tom do discurso foi carregado de frustração, especialmente diante da crise hídrica que afeta a região e da falta de força política local para pressionar órgãos como a Agência Nacional de Águas (ANA).
“Quem é daqui que bate na porta da ANA? Sem representatividade, vamos continuar sendo ignorados. Enquanto isso, Sousa vota em candidatos de Monteiro, Cajazeiras e Uiraúna”, criticou Lindolfo, apontando a contradição entre os votos e a ausência desses políticos nos momentos decisivos.
Outro ponto levantado pelo secretário foi a iminente redução do número de parlamentares paraibanos. A Câmara Federal perderá duas cadeiras (de 12 para 10 deputados), enquanto a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) passará de 36 para 30 deputados estaduais.
“Vai aumentar o coeficiente eleitoral. Se Sousa não votar em Sousa, quem vai? Monteiro? Cajazeiras? Eles votam nos deles. Sousa precisa parar de se auto sabotar”, concluiu Lindolfo.
A fala do secretário provocou reações mistas no plenário, com aplausos, olhares desconfiados e murmúrios. Resta saber se o recado será ouvido nas urnas ou se Sousa continuará, como disse o secretário, escolhendo ser madrasta de si mesma.
Comentários: