O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (17) que estaria disposto a “negociar” com o ex-presidente norte-americano Donald Trump a imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos — caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “devolva” seu passaporte.
A declaração foi feita nas redes sociais, onde Bolsonaro voltou a criticar a apreensão do seu documento pela Polícia Federal (PF), classificando a medida como “absolutamente arbitrária”. A retenção do passaporte ocorreu em fevereiro de 2024, no âmbito de uma operação que investiga supostas fraudes em seu cartão de vacinação e, mais amplamente, seu envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.
“Jair Bolsonaro teve seu passaporte apreendido pela Polícia Federal em uma operação de busca e apreensão absolutamente arbitrária, supostamente motivada por uma investigação sobre seu cartão de vacinação”, escreveu o ex-presidente, em terceira pessoa.
Bolsonaro alegou ainda que a restrição lhe impediu de comparecer à posse do presidente argentino Javier Milei, de participar de encontros internacionais e de se reunir com Trump, com quem mantém proximidade política. Segundo ele, esses eventos seriam com líderes que “defendem a liberdade e os valores democráticos ocidentais”.
A devolução do passaporte foi negada em janeiro deste ano pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve a proibição de viagens internacionais ao ex-presidente. A medida segue válida em meio à investigação sobre articulações golpistas que teriam ocorrido após o resultado das eleições de 2022.
A menção de Bolsonaro a uma eventual sanção comercial americana contra o Brasil, no entanto, não tem respaldo formal ou institucional. A política tarifária dos Estados Unidos é conduzida pelo governo federal, atualmente sob comando do presidente Joe Biden, adversário político tanto de Trump quanto de Bolsonaro.
A declaração foi interpretada por analistas como mais um movimento de retórica política, voltado à sua base de apoio, especialmente diante do cerco jurídico que enfrenta. A fala também ocorre em um momento em que Bolsonaro intensifica críticas ao governo Lula e tenta manter protagonismo no campo da direita brasileira.

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